A Salton está na Campanha Gaúcha desde 2010, mais precisamente na Azienda Domenico, em Santana do Livramento - RS. Atualmente a propriedade tem 170 - de um total de 635 - hectares com vinhedos próprios cultivados em espaldeira e colheita mecanizada. Além disso, ali, a vinícola conta com uma unidade de ponta para a vinificação das uvas colhidas na região, de vinhedos próprios e de seus parceiros. A maturação dos vinhos, quando necessária, e o envase ocorrem ambos em Bento Gonçalves - RS, na Serra Gaúcha.
Desde 2024 a região conta com a Indicação de Procedência (IP) da região da Campanha Gaúcha, abrangendo 14 municípios, numa área total de 44 mil km², incluindo o munícipio de Santana do Livramento - RS, sendo que a área de vinhedos com variedades viníferas totaliza 1.560 hectares, em toda a região, segundo a Embrapa Uva e Vinho, com dados de 2020.
Ciência aplicada na viticultura em prol da sustentabilidade
O local se destaca por servir de fonte para pesquisas pioneiras na viticultura da região. Parcerias com instituições como a UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) possibilitaram a criação do primeiro manual de adubação de videiras específico para os solos da Campanha. O uso de diferentes técnicas, modernas e até mesmo experimentais, tornam os vinhedos da Azienda Domenico importantes referências para muitos de nossos viticultores parceiros.
Desde 2023, zeramos o uso de herbicidas em nossos vinhedos próprios. Isso graças a uma das práticas de manejo sustentável, através de uso do azevém. Planta de cobertura nativa, do tipo gramínea, essa espécie possui um ciclo vegetativo de inverno, o que garante o seu desenvolvimento sem competitividade com a videira, formando uma espécie de barreira protetora no solo compartilhado com as videiras, suprimindo o desenvolvimento de plantas daninhas.
Por meio de controles e monitoramentos, também reduzimos significativamente o uso de inseticidas e agroquímicos em geral. Coletando informações relevantes sobre o clima, nossas equipes identificam e definem, com precisão, a real necessidade de intervenções, reduzindo significativamente aplicações que se tornaram estritamente pontuais. Já por meio do manejo fitossanitário, contamos com o uso de produtos biológicos para realizar o controle natural de fungos e bactérias. Isso também atuou na inserção de microrganismos em solo que ajudam a condicionar e garantir o melhor aproveitamento dos nutrientes em concomitância à nutrição química.
A Salton no Bioma Pampa
No Rio Grande do Sul, das 607 espécies da flora ameaçadas de extinção, estima-se que 250 estão presentes na Campanha Gaúcha. Encontrar alternativas para minimizar o impacto das atividades agrícolas, portanto, é de extrema relevância para o meio ambiente e também para o setor vitivinícola, visto que a Campanha Gaúcha é atualmente a segunda maior região produtora de uvas do Brasil - ficando atrás apenas da Serra Gaúcha.
Estudos de base da UFSM apontaram que, diferente do cultivo de grãos e da pecuária extensiva (que são as atividades mais comuns na região da Campanha), a viticultura é a que menos gera impacto ambiental no Bioma Pampa.
"A manutenção das espécies vegetais do Bioma Pampa pode contribuir na proteção da superfície do solo, por exemplo, diminuindo a erosão hídrica, o que também diminui o potencial de contaminação de águas. Além disso, as espécies colaboram na ciclagem de nutrientes, que podem contribuir positivamente na nutrição da videira e produtividade de uvas. Colaboram também na manutenção e até incremento do conteúdo de carbono em solos, o que é desejado", destaca o professor Gustavo Brunetto, engenheiro agrônomo e Doutor em Ciência do Solo, vinculado à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
A atividade mantém o equilíbrio natural do Bioma Pampa, fazendo com que os vinhedos se tornem sumidouros de carbono, ou seja, absorvem CO2 da atmosfera e contribuem diretamente para preservação da fauna e flora local, evitando impactos no efeito estufa. A Salton, inclusive, já identificou quais são os corredores biológicos dos seus vinhedos. Eles estão sendo preservados dentro das suas propriedades e acabam servindo como um refúgio da flora e da fauna. Somadas, as áreas que consistem em APPs (áreas de Preservação Permanente), reservas legais e vegetação nativas, na Serra e na Campanha Gaúcha, totalizam mais de 260 hectares.